Suas mãos estavam unidas, ora uma sobre a outra, ora entrelaçadas. Eu os observava de longe, num canto do qual nunca precisariam fixar os olhos surpresos com certa paisagem. Não era estratégico, eu simplesmente estava ali, não era minha culpa que por um acaso começasse a ver e não ser notado. Em todo o caso, esse é o meu legado.
Estavam felizes... É, estavam. Eu contemplei seus sorrisos, aquilo me contagiava de uma forma incerta, pois não sorria como eles ou suspirava por parecerem tão magicamente ligados, talvez eu estivesse lamentando. Talvez eu estivesse esperando que alguém olhasse para mim e se divertisse do mesmo jeito. A vontade de me tornar humano me consumia e definhava minha alma.
Eu estava apaixonado. Sim! Apaixonado! Apaixonado pela forma como sorria, pela coloração de seus cabelos, por lembrar alguém famoso quando via a silhueta do perfil de seu rosto - eu ria bobo por conta disso. O tom de voz me inebriava, o jeito de se vestir e se comportar... a timidez, a contenção... Por vezes termos trocado olhares e ainda assim me ver invisível.
Apanhou a mão de sua companhia e se afastou, saía assobiando uma música qualquer, balançando a cabeça ao ritmo agitado. Sorria bonito para todos à volta, soprava a fumaça da boca despreocupadamente... Suspirei, eu escolheria sentir o cheiro e tossir sem problema nenhum, ao menos estaria mais próximo e aí finalmente me notaria.
Segui por um caminho diferente ao da minha silenciosa paixão, e deus, como pode acontecer? Eu me perdi!
21 de abr. de 2011
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