18 de abr. de 2009

Casa de Vidro

Chutei, soquei, com todas as minhas forças gritei! Chorei, esperneei, derramei toda a lágrima até que elas secassem finalmente e meus olhos não pudessem mais produzi-las. Numa caixa pequena de vidro eu via, transpassava meu olhar, mas minha mão não tocava. Não poderia chegar mais perto, eu não conseguia atravessar a barreira de moléculas invisíveis ou aquilo que chamam de parede. O pior de tudo é que eu enxergava tudo e nada podia fazer...
Ah, não... Não me deixem mais fazer isso! As minhas mãos pregaram no vidro, uma fechada, a outra espalmada e entre elas o embace do meu respirar ofegante... O choro audível era penoso... Eu te vi passar, rindo, gastando-se, seus olhos não acharam os meus enquanto tudo parecia ser prazeroso pra ti e o mundo caia todo em cima de mim. O som da conversa carregada de diversão de todas as formas doía em meus ouvidos e eu debatia-me de agonia. Aqueles que estiveram junto de ti neste momento, negaram meu desespero, atenuaram o olhar como se assustados e temerosos, te levaram, te arrastaram com correntes moleculares, te distanciaram de mim... Despedacei-me, meu corpo desfigurou-se... Queria-te de volta, mas era impossível. Sentado sobre as próprias pernas e sobre o mar de tristeza líquida inundando minhas vestes opacas: observava, imaginava...
Tocaram-me o ombro tentando trazer este ser de volta a realidade, mas eu já estava tão submerso em solidão e melancolia que mesmo ao sorrir eu estava sério, vazio. Meus olhos só conseguiam traçar o teu caminho, depois de tanto tempo era apenas a ti que gostariam de seguir, teu andar perdido... Nesta casa de vidro a última coisa que eu quero é permanecer nela. Tudo o que eu vejo daqui me consome, não conseguir alcançar me leva a loucura, encarar-me o reflexo, tentando-o fazer desaparecer... Eu quero sair, eu estou dando minha vida para isso!
 

Um Relato de Misael © 2008. Chaotic Soul :: Converted by Randomness